
Sempre gostei desta ideia do Samuel Becket: “Tentar de novo. Falhar de novo. Falhar melhor”. Acredito no erro, na imperfeição e no acaso e como tantas vezes se conjugam e determinam soluções bem mais interessantes que as delineadas racionalmente.
Já não sei onde apanhei esta noção – creio que é do Ernst Gotsch da agricultura sintrópica* – de que quanto mais ordenada e clean é uma zona verde mais pobre ela é enquanto ecossistema. Ao contrário, uma zona aparentemente caótica será um sistema mais organizado e equilibrado, mais sintrópico do ponto de vista ecológico – um espaço onde a vida se manifesta de forma mais diversa, complexa e resiliente.
O espaço do erro e do acaso é o espaço da descoberta, da criação e da liberdade. Um espaço não de domínio e subjugação da natureza pelo homem e do homem pelo homem mas um espaço de co-habitação, de empatia e de partilha.
Daí que ao longo destes 4 anos tenho falhado bastante e tentado de novo e progressivamente falhado um bocadinho melhor ou só falhado de forma diferente. E se a terra sempre me deu leveza, nestes últimos tempos foi ainda mais essencial como espaço de resiliência e liberdade: de uma forma paradoxal as raízes deram-me asas.